Sempre
prestei muita atenção às pessoas a minha volta, em qualquer canto
que eu vá, olho pra elas e fico tentando imaginar suas vidas, seu
cotidiano, seus pensamentos.
Elas estão sempre tão apressadas, eu
mesma estou sempre tão apressada quanto elas, e ainda assim, a
curiosidade em saber porque tanta pressa, o que elas sentem quando se
dão conta de tanta correria, me invade de uma tal maneira que posso
até ser considerada, pasmem, obsessiva... Mas têm um lugar onde
essa minha estranha mania tem seu ápice: O metrô.
Aqui onde tantas
vidas se encontram e se desencontram, se perdem mas podem se achar na
próxima estação. Aqui eu sinto essa minha necessidade maior. O
ritmo dos meus pensamentos aumentam ao olhar pra esses rostos e
querer saber de seus contextos, coisa tão impossível não? mas isso
fica secundário hoje, porque tão impossível quanto eu conseguir
saber o que se passa em tantas mentes é encontrar alguém que ainda
têm um bip ( leia-se aparelho eletrônico de não sei quanto tempo
atrás) mas pra minha alegria, o impossível pode acontecer e eis que
me deparo com uma senhora que mais parece saída daquela exposição
do Ron Mueck, de porte grande, com a pele tão branca que parece
mesmo de cera, sentada, à margem dos olhares que a cercam, lá está
ela com uma capa de chuva transparente que lhe cobre todo o corpo,
destacando-a ainda mais dos outros passageiros, na certa esperando
alguma mensagem, com seu bip nas mãos...