terça-feira, 8 de novembro de 2016

Sou grata a você!

Eu paro a cada meia hora e penso em você. E sorrio, e divago e meu peito aperta, o coração fica bem pequenino e depois tudo de novo. Saudade das coisas estranhas que só faria mesmo contigo. Coisas que nunca imaginei fazer e, de repente, lá estava eu fazendo. E a gente ria. E discutia. E fazíamos amor. Mentira. Acho que nunca fizemos amor. Não da forma como costumam classificar 'fazer amor', e talvez nem mesmo da forma que deveria ser, fazer sexo cheio de amor. Na verdade acho que nunca houve amor entre nós. Insistia em ser amor, mas não era mesmo. Era só qualquer coisa de teimosia; de não querer entender que não ia rolar pra gente. Era mais um apego estranho, como tudo naquela relação. Tá, eu sei que era muito mais da minha parte; que você era todo desapegado, que era o cara do foda-se. O que inevitavelmente saiu inteiro e cheio de charme para distribuir em outras estações. A referencia à estação só a gente vai entender, e só a gente precisa. O fato é que foi bom sim. Eu nem preciso de uma confirmação sua para saber que pra ti igualmente o foi. Essas coisas a gente percebe no olhar e no abraço, apesar do nosso jeito incompativelmente difícil de lidar. E é por isso que a saudade bate aqui na minha porta, vez ou outra, nesse intervalo de meia hora. Por vezes ela também me dá uma trégua. É quando ela some por um tempo que eu me permito olhar pra mim e enxergar o quanto aquilo que me permiti sentir por você, mesmo com tudo que existia para que eu não sentisse, me fez bem. E esse bem não teve exatamente a ver contigo. Foi comigo mesmo. Me fez ter um conhecimento de quem eu sou e do que eu quero no mundo, que antes eu apenas supunha. Parece clichê e possivelmente o seja, mas eu me compreendi, eu despertei para o fato de que eu sou realmente a protagonista dessa historinha aqui, e que não era o quanto você não me amava do jeito que eu precisava. Não era o quanto você era livre para sair com quem quisesse e que eu entenderia se quisesse ficar com você. Era o quanto eu não precisava de nada disso, porque eu só queria o que fosse de bom grado, o que fosse livre e lindo. Que fosse real. E que se não fosse assim, eu não queria. E não queria sem magoa nenhuma; de peito aberto, sabendo e dizendo o quanto você era lindo e generoso e com esse coração maravilhoso, mas que infelizmente o era com todos os outros, com os menos favorecidos, com aqueles que precisam muito de alguém, mas não com os que estavam perto de ti. Esses você afastava. E foi fazendo comigo. E nesse fazer, você me entristeceu algumas vezes, mas me alegrou tão logo eu entendi que não precisava sofrer. Que não valia a pena, porque só valeria se houvesse sido real. E a gente foi só um devaneio. Bonito, mas longe da realidade. E nem foi você. Sossegue, não é um desabafo de alguém que não superou ou que não soube lidar com isso. Eu criei o devaneio e eu até acreditei nele por um tempo, quando você, mesmo que superficialmente, embarcou nele comigo, mas aí fui tomando umas doses homeopáticas da realidade e essa percepção de que era um sonho impossível de se realizar, você e eu, de verdade, só a gente, sem mais ninguém, ao menos até quando fosse, não poderia ser mesmo. E não seria. Minha disposição e paixão batia de frente com sua liberdade e vontade de conhecer tudo. Eu não te culpo, alias, na sua pele, naquelas circunstancias, teria feito o mesmo. Eu que mudei o discurso no caminho. Aconteceu. Me apaixonei. E me decidi. Essa decisão me deu profunda gratidão por tudo. Não quero viver o que não é meu. Felicidades pra nós, meu bem. Em qualquer canto que você e eu estivermos. Cada um no seu.